Leitura de Mateus 20:1 a 16.
Jesus afirma que qualquer “operário” que aceita o convite para o trabalho na vinha, não importa quão tarde no dia, receberá uma recompensa igual àqueles que iniciaram o labor no início do dia.
Passemos à análise verso a verso da passagem, de modo que possamos melhor compreendê-la:
| “Pois o Reino dos céus é como um proprietário que saiu de manhã cedo para | |||
| contratar trabalhadores para a sua vinha. | Mateus 20:1 | ||
Em algumas versões notamos que o proprietário saiu de madrugada. Entende-se por volta das seis horas da manhã, no nascer do sol (início do dia).
Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, pai de família, que saiu de madrugada a assalariar trabalhadores para a sua vinha. Mateus 20:1 (A.C.F.).
A palavra “proprietário”, que consta em algumas versões, traduz um termo grego que significa “mestre da casa” ou “pai de família.”
Naquela época era comum que empregadores procurassem trabalhadores diaristas nas praças da cidade, por volta das seis horas da manhã, para ajudar em suas vinhas, dependendo da quantidade de trabalho necessário naquele dia.
Os trabalhadores representam as pessoas chamadas ao arrependimento pela mensagem do Evangelho, que se convertem e passam a obrar em favor do Reino do Senhor. O proprietário da vinha é Deus, que deseja que todos os homens se arrependam de seus pecados e sejam salvos. O pagamento prometido ao final representa a redenção da alma.
A vinha é a seara onde a Igreja deve trabalhar, anunciando o evangelho no mundo, atuando na obra em favor da expansão do Reino de Deus. Sabemos que a seara é grande, mas poucos são os ceifeiros.
Ele combinou pagar-lhes um denário pelo dia e mandou-os para a sua vinha. Mateus 20:2
O denário era uma pequena moeda de prata, que era a moeda de maior circulação no Império Romano. Correspondia ao salário diário de um trabalhador. Com um denário seria possível comprar cerca de oito quilos de pão.
O denário foi cunhado pela primeira vez em 211 a.C., e continuou a ser a principal moeda em circulação no Império até sua substituição pelo antoniniano; equivalente a dois denários; em meados do século III d.C.
Nesta parábola a moeda representa a recompensa imerecida da salvação, com a qual somos agraciados, quando respondemos positivamente ao chamado do Evangelho.
| “Por volta das nove horas da manhã, ele saiu e viu outros que estavam | |||
| desocupados na praça, | Mateus 20:3 | ||
Aqui notamos um segundo chamado, que ocorreu horas depois do primeiro chamado realizado no primeiro versículo.
Os judeus dividiam seus dias em doze partes iguais, ou horas, começando no nascer do sol, às seis horas da manhã, e terminando no pôr do sol. Aquela era a terceira hora do dia a partir do nascer do sol; ou seja, nove da manhã.
Na versão A.C.F. está dito que os trabalhadores estavam ociosos: E, saindo perto da hora terceira, viu outros que estavam ociosos na praça, Mateus 20:3
Todos que não fazem parte da obra do Senhor estão sem propósito na vida, apenas aguardando o dia da morte eterna.
Nós estávamos sem proveito algum; mortos em delitos e pecados, e escravos do mal. Mas Deus nos chamou! Ele veio ao nosso encontro e nos convocou para um trabalho em sua obra. Basicamente se resume em anunciar o Evangelho, e quem nos recompensará por isso é Deus. Por isso, é fundamental atender ao chamado e trabalhar na vinha.
Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Marcos
8:36
Contudo, a recompensa não está baseada no fato de termos trabalhado, mas simplesmente no fato de termos sido chamados para esse trabalho. Isso deixa claro que não somos merecedores de reconhecimento algum.
É evidente que a vida sem Deus não faz sentido. Acabaríamos no que diz Salomão em
Eclesiastes 9: Este é o mal que há em tudo o que acontece debaixo do sol: O destino de todos é o mesmo. O coração dos homens, além do mais, está cheio de maldade e de loucura durante toda a vida; e por fim eles se juntarão aos mortos. Eclesiastes 9:3
Percebi ainda outra coisa debaixo do sol: Os velozes nem sempre vencem a corrida; os fortes nem sempre triunfam na guerra; os sábios nem sempre têm comida; os prudentes nem sempre são ricos; os instruídos nem sempre têm prestígio; pois o tempo e o acaso afetam a todos. Eclesiastes 9:11
Além do mais, ninguém sabe quando virá a sua hora: Assim como os peixes são apanhados numa rede fatal e os pássaros são pegos num laço, também os homens são enredados pelos tempos de desgraça que caem inesperadamente sobre eles. Eclesiastes 9:12
A perspectiva do cristão é diferente. Olhamos para Cristo, nosso Salvador, que disse: Disse–lhe Jesus: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; João 11:25
Sabemos que somos peregrinos nesta terra e que Deus tem preparado algo excelente e definitivo para aqueles que perseverarem até o fim.
e lhes disse: ‘Vão também trabalhar na vinha, e eu lhes pagarei o que for justo’. Mateus 20:4
Daqui em diante não é mencionado expressamente o pagamento de um denário, nem mesmo um valor específico; mas é mencionado um pagamento justo a critério do proprietário. O esperado, na simples interpretação humana, seria um pagamento proporcional às horas trabalhadas.
Contudo, no final da parábola, vemos que todos recebem de fato um denário, independentemente do horário em que foram contratados. Isso demonstra que todos têm o mesmo direito de participarem da bondade, graça e misericórdia divinas; que superam o que os homens consideram como justiça.
Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos. Efésios 2:8-10
“por isso nenhuma carne será justificada diante Dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.” Romanos 3:20
Onde está logo a jactância? É excluída. Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé. Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei. Romanos 3:27,28
Nós somos salvos pela graça, pelos méritos de Cristo. No entanto, os que estão debaixo de graça são moradas do Espírito Santo e praticam as obras que evidenciam a salvação:
Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. Mas alguém dirá: “Você tem fé; eu tenho obras“. Mostre–me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras. Tiago 2:17,18
| E eles foram. “Saindo outra vez, por volta do meio dia e das três horas da tarde e | |||
| nona, fez a mesma coisa. | Mateus 20:5 | ||
O chamado continua. O empregador convidou outras pessoas a trabalharem na mesma promessa de lhes dar o quanto podiam razoavelmente esperar.
As horas do dia representam tanto o tempo de vida das pessoas; quanto o período de ingresso de judeus e gentios na Igreja; como também o alcance do Evangelho em todos os lugares do mundo, em todas as eras da Igreja; partindo de Jerusalém, até os confins da Terra.
Jesus ressurreto dá a seguinte ordem aos seus discípulos em Jerusalém:
E disse–lhes: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Marcos
16:15,16
O Mestre já havia dito que: “E é necessário que antes o evangelho seja pregado a todas as nações.” Marcos 13:10
Alguns povos mais distantes foram alcançados depois de outros, mas a oportunidade da salvação apresentou-se igual para todos.
Sabemos que algumas pessoas se convertem na mocidade; alguns na meia idade; outros quando já estão mais maduros. Por fim, alguns se convertem com a idade mais avançada na velhice.
Alguns se convertem mais no início da vida, enquanto outros no final da vida, mesmo que ainda jovem, como aconteceu com Dimas, o ladrão da cruz situada ao lado direito de Jesus. Não sabemos quando será o final das nossas vidas, por isso temos que aceitar o chamado sem hesitar.
Existe também um entendimento que considera: (i) o primeiro chamado, a pregação de João Batista no deserto, preparando o caminho do Messias, chamando o povo ao arrependimento, e anunciando a proximidade do Reino; (ii) o segundo chamado, as nove horas da manhã, a pregação de Jesus e dos apóstolos direcionada aos judeus, as ovelhas perdidas da casa de Israel; (iii) o terceiro chamado, ao meio dia, a pregação da plenitude do Evangelho, após a morte, ressurreição e ascensão de Jesus aos Céus, a partir do dia de Pentecostes em Jerusalém, quando da descida do Espírito Santo; (iv) o quarto chamado, as três horas da tarde, representa a missão dos apóstolos nas várias sinagogas dos judeus, em todas as partes do mundo em que foram espalhadas; cuja história é relatada no livro de Atos dos Apóstolos; (v) a quinta e última chamada, as cinco horas da tarde, representa a chamada geral dos gentios para a Igreja de Cristo, quando os judeus incrédulos foram finalmente rejeitados.
Tal interpretação se utiliza do versículo 7 que menciona: “Porque ninguém nos contratou”, ou seja, nunca ouvimos a voz de um profeta, apóstolo, presbítero ou evangelista pregando o Senhor Jesus até agora. Os judeus não podiam usar isso como argumento, devido à rejeição, em grande parte, quanto ao Messias. “A pedra angular que os construtores rejeitaram.”
| Saindo por volta da cinco horas da tarde, encontrou ainda outros que estavam desocupados e lhes perguntou: ‘Por que vocês estiveram aqui desocupados o dia todo?’ ‘Porque ninguém nos contratou’, responderam eles. “Ele lhes disse: ‘Vão | |||
| vocês também trabalhar na vinha’ | . Mateus 20:6,7 | ||
Eram cinco horas das tarde, ou décima primeira hora do dia, quando havia apenas uma hora de trabalho do dia.
Alguns são contratados para a vinha na velhice, quando “o dia da vida” está quase terminado, restando apenas uma hora dentre as doze.
Ninguém é contratado na décima segunda hora, ou às seis da tarde, quando a vida termina, a oportunidade acaba, a porta da graça se fecha. Mas enquanto houver vida, há esperança. Há esperança para velhos pecadores; se estes sinceramente se voltarem para Deus. O verdadeiro arrependimento nunca é tarde demais.
A tristeza segundo Deus produz um arrependimento que leva à salvação e não remorso, mas a tristeza segundo o mundo produz morte. 2 Coríntios 7:9
Os dois sentimentos são marcados por grande tristeza e aflição, porém são completamente diferentes um do outro. Primeiro a tristeza segundo o “mundo” ou remorso não produz mudança verdadeira, mas o arrependimento produz.
Remorso é a tristeza pelas consequências de um pecado, mas não pelo pecado em si. Se não houver consequências ruins para o transgressor, não haverá qualquer tristeza. Não existe tristeza pelo que o pecado é em si, por ele afligir o coração de Deus e profanar o nosso relacionamento com Ele.
O foco da dor do remorso é todo horizontal; “do mundo”; e nem um pouco vertical; ou seja, não há interesse no modo como o pecado afeta o nosso relacionamento com Deus.
Portanto, assim que as consequências passam, o comportamento ruim ressurge. O coração não ficou enojado com o pecado em si; então o pecado continua em enraizado nele.
Por outro lado, o arrependimento causa um pesar, uma tristeza, uma forte contrição pelo mal cometido. Ele vem acompanhado de dor, de choro, de transformação de coração e mente que nos aproxima de Deus. A pessoa passa por uma mudança de pensamento e de caráter.
O arrependimento inclui afastar-se do pecado e voltar-se para Deus para obter o perdão. Nos capacita a “deixar para trás” o que aconteceu. Ele é motivado pelo amor e reverente temor a Deus, e pelo sincero desejo de obedecer aos Seus mandamentos. Pelo desejo de abandonar os maus caminhos e andar nos passos de Jesus.
Não há perdão para o remorso, pois no remorso não há atitude em relação ao pecado. Não há abandono do pecado. Não se vê mudança de vida; não se vê renúncia, autonegação. Não há mudança de atitude. No arrependimento existe a ação, existe a atitude e o esforço de abandono do pecado, a repulsa pelo pecado em si, e a devida correção da rota.
O arrependimento pode ocorrer às cinco horas da tarde, mas não as seis. Ou seja, enquanto ainda temos o sopro da vida.
Mas jamais podemos aditar o arrependimento, pois ele pode não vir. Nosso coração pode acabar endurecendo, fazendo com que o Criador nos entregue para uma disposição mental reprovável. Além disso, não sabemos se estaremos vivos amanhã. Agora é o tempo aceitável.
Por fim, podemos dizer que os gentios chegaram à décima primeira hora, mas foi porque o evangelho ainda não havia sido pregado a eles.
| “ | Ao cair da tarde, o dono da vinha disse a seu administrador: ‘Chame os | |||
| trabalhadores e pague-lhes o salário, começando com os últimos contratados e | ||||
| terminando nos primeiros’ | . Mateus 20:8 | |||
Essa ordem de começar pelos últimos é mencionada para ensejar às observações que se seguem. Se os primeiros contratados tivessem sido pagos antes, eles partiriam satisfeitos, e os ensinamentos da parábola estariam perdidos.
Ao cair da tarde era a décima segunda hora do dia. Início da noite. Mais nenhum trabalho poderia ser feito. Os diaristas são chamados e pagos. O tempo de acerto de contas será por ocasião da ressurreição, à noite do mundo.
Enquanto é dia, precisamos realizar a obra daquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar. João 9:4
Os trabalhadores fiéis, ou seja, aqueles que morreram em Cristo com postura de servos vigilantes e praticantes da Palavra; herdarão a vida eterna.
Porque a vontade de meu Pai é que todo o que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia“. João 6:40
Crer no Filho implica em andar em Seus passos; ser discípulo Dele; guardar os mandamentos. Fazer a obra que Ele nos comissionou:
Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. Mateus 28:19,20
Contudo, os que não trabalharam na vinha do Senhor serão destruídos, pois a ira do Deus permanece sobre eles. Para esses não haverá “pagamento.”
Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele“. João 3:36
| “ | Vieram os trabalhadores contratados por volta das cinco horas da tarde, e cada | |||
| um recebeu um denário | . Mateus 20:9 | |||
Todas as pessoas, sejam judeus ou gentios, por crerem em Jesus, ainda que no final da vida, são admitidos nas mesmas bênçãos do evangelho da justificação, adoção, regeneração e comunhão com Deus, pela obra consumada na cruz.
| Quando vieram os que tinham sido contratados primeiro, esperavam receber mais. | |||
| Mas cada um deles também recebeu um denário. | Mateus 20:10 | ||
| Quando o receberam, começaram a se queixar do proprietário da vinha, Mateus
20:11 dizendo–lhe: ‘Estes homens contratados por último trabalharam apenas uma hora, e o senhor os igualou a nós, que suportamos o peso do trabalho e o calor do dia’. Mateus 20:12 |
|||
A salvação é imerecida para todos. Ninguém é digno, por si próprio, para herdar a vida eterna. Não há obra ou trabalho que possa pagar o preço de uma alma.
Somente o sangue derramado por Jesus; que se ofereceu de forma imaculada; pode resgatar uma alma para Deus.
O pagamento de um denário para todos representa a salvação pela graça divina, para todos que responderem de forma positiva ao chamado do Evangelho e trabalharam na vinha do Senhor.
Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil. 1 Coríntios 15:58
Algumas pessoas são chamadas no final de suas vidas, mas, mesmo assim, elas são para Deus tão importantes quanto aquelas que serviram na obra durante muitos anos.
Devemos nos lembrar de que, na eternidade, encontraremos tanto o ladrão que se arrependeu prestes a morrer ao lado de Jesus na cruz, como também Timóteo que trabalhou na obra desde a sua mocidade.
A diferença que haverá no Reino Vindouro entre os salvos é somente com relação ao galardão, o nível de competência, a posição hierárquica. O galardão; que significa prêmio, ou recompensa, não se confunde com salvação. Ele será dado a cada um segundo as suas obras:
E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. Apocalipse 22:12
Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. 1Coríntios 3:14
Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. 1 Coríntios 3:8
Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os ingratos e maus. Lucas 6:35
Todos nós que fazemos parte da Igreja teremos que comparecer no Tribunal de Cristo:
Pois todos nós devemos comparecer perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba de acordo com as obras praticadas por meio do corpo, quer sejam boas quer sejam más. 2 Coríntios 5:10
Também é possível interpretar que os primeiros contratados representam os judeus, que sempre supunham que deveriam, em tudo, ser preferidos em relação aos gentios. Estes foram provocados ao ciúme pela admissão dos gentios nas bênçãos da aliança abraâmica aperfeiçoada no Messias.
Como o irmão mais velho na parábola do filho pródigo, que rechaçou a recepção do irmão mais novo e queixou-se da generosidade de seu pai; assim também esses trabalhadores primeiro chamados encontraram falhas em seu mestre, não porque não tinham o suficiente, mas porque outros foram feitos iguais a eles.
Ele não fez distinção alguma entre nós e eles, visto que purificou os seus corações pela fé. Então, por que agora vocês estão querendo tentar a Deus, impondo sobre os discípulos um jugo que nem nós nem nossos antepassados conseguimos suportar? De modo nenhum! Cremos que somos salvos pela graça de nosso Senhor Jesus, assim como eles também“. Atos 15:9–11
Não apenas os gentios crentes são admitidos em privilégios iguais aos judeus crentes na Igreja de Deus, mas também aqueles que se tornam igualmente santos mediante o arrependimento sincero que leva a verdadeira conversão.
Outra lição muito importante na parábola é em relação à inveja. Quantas vezes questionamos a Deus por ter abençoado alguém que julgamos ser “menos digno” do que nós?
Às vezes vemos uma pessoa recém-chegada na obra de Deus sendo grandemente abençoada e aquilo nos afeta. Devemos lutar contra esse tipo de sentimento de todas as formas, pois Deus manifesta a sua extraordinária graça a quem Ele quer, em Seu tempo. Quanto a nós, devemos apenas ser gratos por também termos sido alcançados por essa mesma graça.
| “Mas ele respondeu a um deles: ‘Amigo, não estou sendo injusto com você. Você | ||||
| não concordou em trabalhar por um denário? Receba o que é seu e vá. Eu quero | ||||
| dar ao que foi contratado por último o mesmo que lhe dei | . Mateus 20:13,14 | |||
Não apenas o senhor da vinha e os trabalhadores tinham concordado quanto ao pagamento combinado de antemão, mas também tinha sido a bondade imerecida do empregador que os chamara em primeiro lugar.
Mesmo quando sabemos que a salvação é pela graça, ainda pensamos que merecemos mais do que os outros.
Precisamos entender que Deus não deve nada para homem algum, e é impossível para o homem negociar com Deus. A recompensa é Dele, e Ele dá a quem quiser, o quanto quiser e da forma que quiser. O Senhor da vinha mostra de misericórdia para com todos os trabalhadores, que antes estavam ociosos e sem perspectiva. Cabe a nós reconhecermos que Ele é sempre justo em todas as suas decisões.
Ele é a Rocha, as suas obras são perfeitas, e todos os seus caminhos são justos. É Deus fiel, que não comete erros; justo e reto ele é. Deuteronômio 32:4
Pois o Senhor é justo, e ama a justiça; os retos verão a sua face. Salmos 11:7
Quando a passagem diz: “Amigo, não estou sendo injusto com você”, significa que a promessa foi integralmente cumprida, o pacto foi respeitado, a aliança foi confirmada. Se o Senhor da vinha optar por pagar menos, ou a mesma coisa aos trabalhadores contratados posteriormente, isso em nada afeta o contrato realizado com os primeiros.
Não existe reivindicação lícita que possa ser formulada pelos primeiros. De igual modo, se os cristãos são justos, pagam as suas dívidas, cumprem as suas obrigações legais, não enganam e não prejudicam aos demais; o mundo não tem o direito de reclamar se estes ofertarem seus demais recursos para ajudarem aos necessitados; aos da família da fé; em favor das missões da Igreja de evangelismo e batismo, em favor da expansão do
Reino de Deus. Isso é bom e agradável aos olhos do Senhor. Aquele que entra na vinha consente em trabalhar diligentemente nela, cumprindo os termos do contrato ajustado. Ou seja, obedecer ao Evangelho, fazer a vontade do Senhor, obedecer as suas leis, renunciar a muitas coisas do mundo. O operário também recebe bênçãos terrenas; além da vida eterna na consumação dos tempos, se permanecer fiel até o fim.
Tendo o trabalhador recebido aquilo que concordou em receber, não existe motivo para reclamação. Deus é fiel a Sua Palavra, embora nada deva a qualquer pessoa. Pelo contrário, todos os salvos estão debaixo da graça de Deus, que enviou Seu Filho Unigênito para quitar a cédula de débito que era contrária a nós.
Todos os redimidos recebem uma “recompensa” infinitamente melhor do que merecem.
| Não tenho o direito de fazer o que quero com o meu dinheiro? Ou você está com | |||
| inveja porque sou generoso? | ’ Mateus 20:15 | ||
Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom? Mateus 20:15 (A.R.A.).
“Não me é lícito fazer o que quero do que é meu.” A Deus pertence o perdão, a graça e a misericórdia. Daniel menciona em sua oração:
Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia, e o perdão; pois nos rebelamos contra ele, Daniel 9:9
A Bíblia diz que Deus é rico em misericórdia.
Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões – pela graça vocês são salvos. Efésios 2:4,5
Deus é rico em graça:
Nele temos a redenção por meio de seu sangue, o perdão dos pecados, de acordo com as riquezas da graça de Deus, Efésios 1:7
Por que esperarmos o menos, Daquele que pode o mais? Daquele que recompensa conforme a Sua soberana vontade e graça superabundante.
Os trabalhadores que chegaram por último na vinha, também precisavam sustentar as suas famílias da mesma forma como os que chegaram primeiro. Assim, o proprietário foi generoso e bom para com todos. Agiu com amor acima da lógica matemática. Aqueles que se arrependem no final da vida, também são agraciados com o perdão, pois também são adotados por Deus, e passam a ser amados, tal como os primeiros, pelo Pai Celestial.
Devemos renunciar a nossa tendência de invejar os outros e criticar os caminhos de Deus. Em vez disso, devemos receber aquilo que Ele nos dá com gratidão, alegria e contentamento.
“Maus os teus olhos” é uma expressão idiomática usada entre os judeus, que indicava uma pessoa maliciosa, avarenta ou invejosa.
Tenham cuidado para que não haja pensamento vil em seu coração e vocês digam: “Está próximo o sétimo ano, o ano do perdão das dívidas“, fazendo com que os olhos de vocês sejam malignos para com o seu compatriota pobre, e vocês não lhe deem nada, e ele clame ao Senhor contra vocês, e vocês sejam culpados de pecado. Deuteronômio 15:9
Jesus disse: Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas... Mateus 6:23a
O egoísta, o invejoso, e aquele que pensa que pode se salvar por justiça própria, se ofendem com a demonstração da graça divina para com os demais, quando deveriam glorificar a Deus pelas multidões das Suas misericórdias.
“Assim, os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos”. Mateus 20:16
No reino da graça de Deus não devemos pressupor que somos superiores aos outros. Os caminhos da graça divina não se submetem as expectativas humanas.
Jesus surpreende os discípulos ao dizer:
Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar–se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; Mateus 20:26,27
Jesus esclarece, ao longo de Seu ministério, que as pessoas possuem uma visão errada de quem entrará no Reino de Deus. Pessoas que se acham auto-suficientes, ou aqueles que possuem uma aparência de santidade, de piedade, mas permanecem no pecado, não entrarão no Reino de Deus.
Além disso, é possível que muitos pastores e “cristãos” com anos de igreja fiquem de fora do Reino, ou obtenham uma posição inferior, pois deixaram o primeiro amor; e aqueles que eram marginalizados pela sociedade, mas se arrependeram verdadeiramente, sejam os primeiros.
Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas… Eclesiastes 7:8a
Que possamos trabalhar na vinha de forma diligente, até o pôr do sol, e sermos agraciados pelo nosso amado Deus.
